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eu_pedaço_corpo

  • Foto do escritor: ciber_ org
    ciber_ org
  • 27 de mai.
  • 1 min de leitura

Eu nunca imaginei que fosse lidar com meu próprio corpo sem ele tá grudado em mim.


ree


não gosto muito da palavra “grudado”. me soa como se o corpo fosse algo grudado na minha mente_consciencia_self. e, não me sinto assim, não me sinto partido, dividido em parcelas, fragmentado ao ponto de só ser uno se grudados todos os cacos.


Eu sou o meu corpo.


Até o “meu” aí nessa frase me parece que sobra. Acho que o correto seria:


Eu sou corpo.


eu_corpo_mente


eu_corpotente



Na verdade, será que uma parte de mim em um jarro continua sendo eu_corpo? Ali, sentado na estante, entre livros, miniaturas e cinzeiros. Dentro de um pote de vidro, flutuando, boiando numa mistura desbalanceada de água e formol que vai queimando aos poucos as bordas da pele daquele eu_pedaço_corpo.


Será que uma parte de mim dentro de uma galeria de arte continua sendo eu_corpo? Ali, pregado na parede cercado de obras de arte, no branco cirúrgico do cubo branco, exposto, com um feixe de luz preciso apontado direto para mim_pedaço_corpo.



Acho que agora eu sempre serei eu_pedaço_corpo. Nem partido, nem parcelado, nem fragmentado, mas ainda assim pedaço. Pedaço de mim mesmo. É bem estranho pensar que agora existem mais de 1 eu_pedaço_corpo por aí.


(este texto foi originalmente publicado em instagram.com/ciber_org)

 
 
 

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