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Miragem

exposição individual

13 fotografias digitais

2025
 

A exposição “Miragem” de ciber_org é composta pelo agrupamento de treze retratos fotográficos em preto e branco - provenientes de um trabalho em série - que derivam de investigações no contexto da residência artística Bolsa Pampulha em Belo Horizonte/MG, em 2022.

 

Como artista visual, articula memórias individuais e coletivas enquanto corpo gênero-dissidente em pesquisas relacionadas com imagem e performance. Sua investigação estética compartilha e mobiliza dúvidas e noções sobre concepções hegemônicas em um mundo binário de gênero. 

 

A partir do uso do retrato como dispositivo, o artista cartografa diversas corporalidades transmasculinas. Em um fundo uniforme, todos são apresentados com torso exposto, revelando pluralidades, a partir de tonalidades, tipos de cabelo, acessórios e inscrições no corpo, como tatuagens e cicatrizes que indicam procedimentos cirúrgicos. De modo contextual dentro do cenário da arte contemporânea, o trabalho exposto estabelece uma familiaridade com obras de artistas como Pedro Jorge e Zanele Muholi.

 

Ao visibilizar e nomear os sujeitos retratados, ciber_org experimenta a fabulação de um vocabulário visual transitório, complexificando certa vocação da fotografia como dado taxonômico. Ao criar uma composição e arquivo que não se pretende imutável, reflete sobre o conceito de boca de arquivo dentro da Ocupação do Espaço Vitrine do Museu Paranaense tensionando perspectivas convencionais nos métodos de sistematização da estrutura arquivística, como a identificação, mapeamento e catalogação, incubindo a virtualidade e a transmutação presente na elaboração das identidades transvestigêneres como prática ontológica. Essas memórias transparecem um recorte temporal  sem determinismos, em caráter provisório, tal qual a efemeridade da exposição e do instante da captura fotográfica. 

 

Aqui e agora o título anuncia um prelúdio e um desafio: a miragem como um fenômeno óptico daquilo que supomos ver. O que pode ser um registro fotográfico, uma pessoa ou um presença transmasculina, um arquivo, uma memória? O que querem essas imagens?

A exposição temporária dessas corpografias requer - concomitantemente - uma implicação radical na vida cotidiana, para que a estratégia abordada por ciber_org não torne-se refém de fetiches canônicos de uma imagética da diferença ou de agenciamentos de uma vocação voyeurista do retrato enquanto tradição na História da Arte.


 

Guto Ezek

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